sábado, 25 de junho de 2011

G.R.E.S Unidos da Villa Rica!

                                                            O Bloco Katuca que ela Pula!         
     Fonte: http://www.blogdapacificacao.com.br/borel/carnaval-vai-agitar-as-comunidades-pacificadas/
Foto: Lucíola Villela

O Bloco Carnavalesco Unidos da Villa Rica embalou minha infância e deu novo alento ás noites vazias de sábados e domingos! É estranho que na época (1970?) havia no Morro dos Cabritos razoálvel quantidade de "Portugas" e uma percentagem bem maior de Nordestinos e mesmo assim suas presenças na Quadra do Villa era quase zero, durante os vários anos que acompanhei o Villa!  
Possivelmente o Bloco começou a ficar famoso e conhecido em Copacabana por causa do Banho de Mar a Fantasia, evento muito esperado pelos admiradores do Bloco pois recuperava o carnaval antigo em que fantasia não contava, oque contava era a empolgação! Desciam uma quantidade ínfima de participantes atras da bateria, mas na calçada ia quase o morro inteiro inclusive eu! Será que essa admiração enrustida era porque o Samba era coisa de Negro ou coisa de quem não tem oque fazer? O fato é que o Bloco Carnavalesco Unidos da Villa Rica foi extremamente agregador no Morro dos Cabritos!!!




Aqui foi a 1ª quadra de samba da Unidos da Villa Rica vendo-se ao fundo o bar! Era também o campo oficial de peladas da Rua Euclides da Rocha! Como era embaixo de minha janelas vi craques excepcionais passarem por ela, como: Silvinho da capela, Paulinho do 17 e Joel do Hospital, este um quase Pelé!
Quem viu não me desmente!!



Aqui era a 2ª Quadra de samba da Unidos da Villa Rica que também era uma creche, mas deixando espaço para receber os percussionistas da Escola de Samba e os admiradores!

                             A 2ª Quadra de samba da Unidos da Villa Rica em outro ângulo!



          Possívelmente aqui era a 2ª Quadra de samba da Villa Rica que depois virou esta creche!
foto cortesia M.G


Aqui é a 3ª Quadra da Unidos da Villa Rica!
                                                             foto cortesia M.G


  http://www.blogdapacificacao.com.br/tabajaras-cabritos/celeiro-olimpico-no-alto-da-ladeira-dos-tabajaras/                    Esporte patrocinado na Quadra da Unidos da Villa Rica!  
                                       Foto Moscow

È uma pena que a nossa Arte Afro-Brasileira a Capoeira não faça parte deste Belo Celeiro!
Ela começou no nosso Morro dos Cabritos em 1975 através do Mestre Lua Rasta na Creche e Quadra de samba do Villa Rica na Rua Euclides da Rocha e deu pelo menos um fruto:


Mestre Guará, hoje trabalhando em prol da Capoeira na França!
Se pelo menos 1 destes muitos que participam deste belo projeto chegar tão longe, já podem se sentir realizados, pois todo o dia em que eu penso que aquele menino quase sem futuro foi/chegou tão longe, eu digo:
Caramba, tudo é possível!


    http://www.blogdapacificacao.com.br/tabajaras-cabritos/batidao-do-funk-agita-a-ladeira-dos-tabajaras/
                                         Baile Funk na Quadra da Unidos da Villa Rica!


                  Da Tita, Ney, Marcha Lenta e abaixados Rubinho e Eu na Mini Quadra!

                         O Fim do Baile Soul e o começo da Patifaria!
Na Ladeira dos Tabajaras e Rua Euclides da Rocha nessa época (1975?) só conheci como D'J, Nei e Marcha Lenta, pessoas espetaculares e dedicadas a levar um pouco de lazer, a quem não tinha dinheiro nem do ônibus, nem da entrada no Clube para os Bailes Soul, que depois virou Funk.
Como nós, eu e Rubinho já tinhamos uma iniciação na Capoeira - Rubinho nasceu pra coisa - dava-mos uma iniciada na rapaziada, justamento na mini-quadra aonde nas noites de sábado rolava o Baile. Sexta-feira a expectativa, a conversa rolava em torno do que aconteceria amanhã.

Nei e Marcha nos mostravam os ultimos LPs adquiridos, colocavam en avant-premiére as ultimas pedras sonoras. Eu me sentia o máximo......
http://morrodoscabritos.blogspot.com/2011/06/bebesouro.html

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da Villa Rica!!!!
                          Vem, vem, vem, vamo símbora,
                     vem, vem, vem, brincadeira tem hora!



Da minha janela que ficava pouca acima deste barraco-bar eu via o couro comer nas noites de sábados e domingos! A apresentação dos cantores menos famosos começava cedo por volta das 20:00 e na minha lembrança ficaram sómente 3;
Luizinho (?) um magricela, baixo e com ar ameaçador que era o guru dos garotos do Ninho das Cobras! Invariavelmente só cantava esta espécie de hino cujo refrão era:
No ninho das Cobras 
tem coral e cascavel 
quem passar por lá 
tem que tirar o chapéu!

O 2º não me lembro como era mas sua música também tinha um refrão no mínimo curioso:
O cara comeu na maior empolgação 
uma panela de carne 
e a outra de arroz com feijão 
eu não sabia que o cara comia tanto assim 
comeu a comida toda / não deixou nada pra mim 
a barriga do cara ficou que é um horror 
e depois saiu gritando e cantando sempre assim:
Ai, aiai, aiai, aiai, ui, uiui, uiui, uiui!


O 3º era extremamente comunicativo, com uma forma de cantar única, expressiva e muito emotiva, parecia cantar seus dramas amorosos e não tinha quem não parasse para ouvi-lo!  
Se apresentava como Jorge Bem (coloco com M para não confundir com o ja famoso, original!) e arrebentava com essa música:

Subindo a ladeira                     
Subindo a ladeira eu senti
a maior 
desilusão 
Subindo a ladeira eu senti 
a maior 
desilusão
abrindo a porta do meu barracão                              
não encontrei 
a dona do meu coração!
Terezinha foi embora 
e me deixou na solidão
Terezinha foi embora 
e me deixou na solidão
veja 
como é triste
eu sózinho nesta solidão!
Subindo a ladeira!!!

Coloquei os versos na forma da métrica vocal única que o destacava dos demais!!!

O culpado sou eu
Quero lhe pedir perdão
pelo grande mal que lhe causei
eu estou arrependido
e porque dizer que não
da nossa separação
sei que fui o culpado
de magoar seu coração
mas 
se entre nós tudo acabou
foi só porque 
eu não lhe dei atenção!




Não posso deixar este registro sem falar na mais espetacular letra de enredo cujo único pedaço que me lembro, é:
Sublime mão celestial ajudou ao poeta
a escrever esta página de glória...

          Quebra-Quebra na Villa Rica!
Numa negra noite de 1975 por aí, o exército que naquela época combatia o tráfico, invadiu o nosso morro num sábado umas 23:00 com a quadra do Villa fervilhando de gente. Foi um corre-corre doido e a bateria pêga de surpresa não quis parar a batucada, entendendo que quem não bebe, não treme! O capetão se irritou com esta atitude e mandou quebrar todos os instrumentos! Dava pena de ver aquelas botas animais amassando os prateados e belos instrumentos! De minha janela eu tremia de ódio ante aquela selvageria desnecessária!
Mas o Villa era grande e em pouco tempo recuperou a bateria e o couro comeu nas noites de sábados e domingos para a alegria do povão!

Para quem vaiiiii
para quem vai, para quem ficaaaa
Eu vou ficaaaaar
no Unidos da Villa Rica!

                    http://rquadrinhos.blogspot.com/2011/07/papos-animados-no-anima-mundi.html

O SUPREMO EMBLEMA
"Para quem vai...
para quem vai, para quem fica
eu vou citar
UNIDOS DA VILA RICA" !
(autor ignorado / samba-enredo)
"Oh, Vila, / eu trago aqui / sua homenagem..." assim começa um dos belos sambas que animavam as noites de sábado na quadra de terra que ficava ao lado de nosso barraco, no Morro dos Cabritos. Curiosamente, o samba era mais animado (e mais cheio) aos sábados, a véspera de mais um dia de trabalho duro deixava o pessoal sem muita disposição para alegrias.
Já para nós era impossível dormir... a Bateria de mais de 20 instrumentos se postava pelo "lado do Túnel Velho", próximo de um valão e da única "birosca" (ou bodega) de toda a redondeza. Situada ao lado do valão infecto -- jorrando água negra o ano inteiro -- com o balcão de madeira preta que nunca vira água nem sabão, o "comércio" era um nojo. Raramente eu comprava algo lá, preferia andar bem mais e subir rua acima, para comprar num outro mercadinho, um pouco depois do famoso "Ninho das Cobras".
Voltando ao Bloco, no fim da noite, lá pelas 3 "da matina"  a Bateria passeava pela quadra toda e vinha estacionar debaixo de nossa janela, um rugido ensurdecedor fazendo vibrar o telhado de zinco, plásticos e papelão. Nunca soube ao certo quem dirigia a Bateria mas, num domingo de 1972 ou 73 de tarde, tive o prazer de tocar um dos instrumentos. A garotada estava tendo aulas de percussão e, num dos intervalos do treino, me meti entre êles e "zabumbei" um surdão qualquer por 4 ou 5 minutos.
É uma emoção indescritível tocar um instrumento numa Escola de Samba, qualquer uma. Se o ritmo mexe conosco apenas assistindo, tê-lo "dentro de si" é a glória. Estranhamente, não lembro de um só cantor ou compositor branco no BCUVR dos anos 70... mas eram todos poetas de primeira, capazes de cantar "o supremo emblema da nossa Nação" sem gaguejar nem errar a letra, "pobrema" muito comum hoje em dia.
Minha maior frustração foi jamais ter tido coragem de me apresentar -- como compositor, pelo menos -- ao Bloco "amarelo/azul pavão... o Vila Rica querido do meu coração".  Enquanto escritor tinha eu imensa admiração por letras de samba (de enredo?) como o "Quanta beleza / tem a Guanabara... / se eu pudesse / ter, para mim, / essa jóia rara. / Leva com você, oh Vila Rica / essa minha inspiração... (etc)".
Outra obra magistral, da qual ignoro o Autor, é o belo samba:
"Tenho o coração empedernido
pelo muito que tenho sofrido,
não suporto sofrer tanto assim...
Deus, por favor, tenha pena de mim!
As minhas penas vou pagar
e a minha vida vou mudar.
Triste é viver sem amor,
meu castigo é tão grande,
é tamanha a minha dor"!
   (BCUVR - autor ignorado)
GENIAL, não é mesmo?! Quem poderia recuperar essas jóias e, quem sabe, até GRAVÁ-LAS? Mas aqueles 1.500 m2 de terra batida não viviam só de música, não. Ao cair da noite a malandragem da época (entre 1968 até 75/76) se reunia sobre uma imensa pedra negra, bem debaixo de nosso barraco, para "fumar um baseado" e contar um bocado de "estórias" cabeludas. Duas ou 3 vezes por ano aparecia de madrugada "os home", a temida Policia Civil. A turma descia a encosta íngreme aos saltos, na escuridão, e os "meganhas" ficavam na quadra por um bom tempo, dando tiros em direção aos edificios lá embaixo e rindo às gargalhadas.
Adiante, o Bloco inteiro sairia do terreno de terra para a recém-criada Creche, na parte de cima da Rua Euclides da Rocha, suponho que por volta de 1976 ou 77. Voltamos a ter sossego em casa, mas eu nunca mais assisti a um ensaio do admirado Bloco, minha inspiração por muitos anos. A seguir, trechos do que restou de sambas meus, nascidos a partir de minha vivência ao lado do Bloco UNIDOS DA VILA RICA, na época com um L só!            
"NATO" AZ (escritor e poeta)
 
CASA POBRE EM VILA RICA 

Neste belo dia 2 de dezembro se comemorou o DIA NACIONAL DO SAMBA e isso me fez lembrar de minhas "raízes" enquanto compositor, meu inicio na seara da Música. Criado no interior do Paraná (e de SC) apenas com a legítima música caipira, de violas e acordeons, saltei de uma hora para outra para o mais puro ou cru dos movimentos negros, o "samba de terreiro" -- adiante, com o título de "samba de quadra", embora a festa se desse ainda em solo de terra batida -- no velho Morro dos Cabritos, acima do Túnel Velho, em Copacabana, Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa naqueles anos 70 de Copa do Mundo e Ditadura Militar, festa e repressão andando lado a lado.

Morávamos num barraco bem ao lado da quadra do Bloco Carnavalesco Unidos da Vila Rica, na época O ÚNICO BLOCO -- me corrijam se eu estiver errado! -  existente na Zona Sul, ou pelo menos em parte dela. Por volta de 1980 ou 81, pouco antes de eu sair definitivamente do Rio, o Vila Rica subiria para outro Grupo, do qual desceu no ano seguinte.

Aprendi a gostar de samba colado à parede do quarto-sala do barraco, a menos de 2 metros da bateria do Bloco, num local onde tinha imensa pedra negra, granito que presenciou festas e também muita patifaria, já que a malandragem se reunia toda madrugada "bem debaixo de nossa casa", que ficava trepada numa pedreira.

Infelizmente, nunca me senti parte do Morro e nem daquela vida de sacrifícios e privações, não me relacionava com praticamente ninguém -- embora nascido lá e tendo vivido naquele martírio por quase 15 anos -- e, como era tímido, nunca frequentei a quadra de samba, exceto uma noite qualquer, na escolha da melhor sambista do Bloco. Mas não perdia um segundo dos ensaios, "grudado na parede" do barraco e vendo tudo pelos buracos dos pregos outrora existentes. (OBS.: inicialmente, naquele local havia apenas um barracão que servia para as sessões de "macumba" de um jovem chamado de "Pai JORGINHO". Mais tarde, o sujeito foi alojado na encosta do morro e a área virou campo de futebol a semana inteira e quadra de samba aos sábados/domingos.)

O VILA RICA e seus magníficos compositores influenciaram minhas primeiras produções na área da Música e, adiante, me tornei fã de sambistas renomados -- Martinho da Vila, Paulinho da Viola e Clementina de Jesus, entre tantos outros e outras, Elza Soares principalmente -- sem esquecer os nomes e as composições dos principais sambistas (do Bloco) dos primeiros dias dos coloridos e roqueiros anos 70.

Entre os compositores mais importantes estavam Luis "Chimbirra" (não sei se era sobrenome ou apelido), o velho e respeitado "Jorge Ben e até o "tampinha" "Segunda-Feira" -- "sombra" do malandro mais temido da área, o 'Marocas" --que subia no palanquinho de metro e meio de largura para entoar exatos 6 versos:

"Numa alta madrugada
eu encontrei o meu amor...
o sereno estava caindo (pois é, pois é!)
e o sereno não me molhou.

E lá vinha o refrão simples e belo, repetido diversas vezes e levantando a multidão:

"É mais uma madrugada
que eu passei com meu amor!"

De "Jorge Ben", voz ímpar, sem igual na região, algo próximo do famoso Aniceto do Império, só me lembro do "Subindo a Ladeira", cujos primeiros versos estampei em meu texto sobre as agruras de se viver num Morro, o 'UM DIA EM LILLIPUT", postado no megasite cultural OVERMUNDO, que pode ser consultado pelo link:
www.overmundo.com.br/banco/um-dia-em-lilliput



Jamais mostrei meus "sambinhas" para quem quer que fosse e admirava o pai da Sandra -- minha bela vizinha, amiga de infância -- conhecido por "Pauzinho" que, com uma lata d'água sobre a perna, passava horas cantando seus sambas, acompanhado do amigo e vizinho, seu "Bené", batendo copo ou 2 colheres.

Infelizmente, recentemente a esperança me abandonou e cansado de sonhar em ver meus trabalhos sendo cantados (ou até gravados), toquei fogo em tudo. Viraram cinzas mais de 600 poemas (entre trovas, sonetos, cordel e poesia livre) e pelo menos umas CEM MÚSICAS, entre elas uns 30 sambas, boa parte em homenagem ao bloco  Vila Rica, inclusive um samba-enredo sobre os vikings e a pedra da Gávea, cujo título era "A Cabeça do Imperador"!.

Sobrou na memória senil o que está abaixo, trechos de "sambas de terreiro", CURTINHOS como devem ser, já que ficam "na fila" para cantar até a alta madrugada uns 15 ou 20 compositores, nas grandes Escolas de Samba até mais do que isso. Aí vão:

Vamos cantar
para tod'as regiões
as mais lindas canções
que o povo quer ouvir
e nosso samba
que é todo harmonia,
alegria e fantasia,
vai o povo seduzir.

(refrão/BIS)
Vamos cantar,
ó moçada brasileira.
Vamos sambar,
juventude altaneira,
que o VILA RICA
vai tocar a noite inteira...
que o VILA RICA
vai sambar a noite inteira.
"NATO" AZ

********************************
(refrão/BIS)
Vem lua, eh, vai lua, ah...
nêgo no batuque
não para de batucar.

I
Nossa bateria
está botando "prá quebrar".
É samba, show e alegria,
o VILA não pode parar.
"NATO" AZ
(CONTINUA...
esqueci o resto da música)
**********************************
Surdo, cuíca e pandeiro
pela noite a batucar...
é o "samba de terreiro",
a chuva caindo devagar.
É o VILA RICA quem diz:
"nosso samba não pode parar"!
E eu me sinto feliz
em dele participar.

(refrão/BIS)
Samba, show e alegria
o VILA RICA tem...
mas ritmo e harmonia
é importante também !
"NATO" AZ

No texto citado acima, UM DIA EM LILLIPUT, comento como era dificil a subida do Morro, numa viela escura e cheia de mato e lixo, entre dois prédios próximos da entrada do Túnel Velho. Fechado esse "atalho', passaram-se vários anos até que uma alma bondosa cedesse a escadaria que dava acesso à seu casarão, "na boca do Túnel", facilitando (?!) a vida dos favelados, que escalavam uma perigosa escada de madeira, com uns 70 graus de inclinação, num permamente riso de acidentes, principalmente de mulheres com enormes trouxas de roupa na cabeça. 
                "NATO" AZ


Considero esta música cantada por Bezerra da Silva como o Hino dos sambistas dos Morros do Rio de Janeiro!!!
Quem viveu nos Morros antes do Governo Brizola sabe do que eu/Ele está falando!

Se Não Fosse o Samba
E se não fosse o samba
quem sabe hoje em dia eu seria do bicho?

E se não fosse o samba
quem sabe hoje em dia eu seria do bicho?
Não deixou a elite me fazer marginal
E também em seguida me jogar no lixo


A minha babilaque era um lápis e papel no bolso da jaqueta,
Uma touca de meia na minha cabeça,
Uma fita cassete gravada na mão
E toda vez que descia o meu morro do galo
Eu tomava uma dura
Os homens voavam na minha cintura
Pensando encontrar aquele três oitão
Mas como não achavam
Ficavam mordidos não dispensavam,
Abriam a caçapa e lá me jogavam


Mais uma vez na tranca dura pra averiguação
Batiam meu boletim
O nada consta dizia: ele é um bom cidadão
O cana-dura ficava muito injuriado
Porque era obrigado a me tirar da prisão

Batiam meu boletim
O nada consta dizia: ele é um bom cidadão
O cana-dura ficava muito injuriado
Porque era obrigado a me tirar da prisão

Mas hoje em dia eles passam,
Me vêem e me abraçam me chamam de amigo
Os que são compositores gravam comigo
E até me oferecem total proteção

Humildimente agradeço
E digo pra eles: estou muito seguro
Poque sou bom malandro
E não deixo furo
E sou considerado em qualquer jurisdição

Humildimente agradeço
E digo pra eles: estou muito seguro
Poque sou bom malandro
E não deixo furo
E sou considerado em qualquer jurisdição


Morro dos Cabritos - Zona Sul do Rio de Janeiro  Morro dos Cabritos - Zona Sul do Rio de Janeiro by Dyego Rodrigues

Ùltimo pedacinho de samba que me lembro:

Quanta beleza, quanta ternura 
tem na Guanabara
se eu pudesse ter para mim
esta jóia rara
leva com voçe ô Villa Rica
essa minha inspiração....


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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Ladeira dos Tabajaras&Rua Euclides da Rocha!

foto: Moscow

Quando vi pela 1ª vez as fotos de M.G não dei muita importância, mas aí ele mandou  uma 2ª parte que é um registro espetacular da provável especulação imobiliária que tornou-se nosso quase paraíso, com os nomes de Ladeira dos Tabajaras e Rua Euclides da Rocha!!!
Por isso resolvi fazer este blog que com o auxilio de vários fotógrafos poderá se tornar bem interessante  devido também a algumas histórias minhas!!!
Espero que gostem!
  


          Foto cortesia Ivo Korytowski
                                           Mercearia aonde aconteceu este fato abaixo!
                       
 Neném Gordo
O Barro como era chamado na época (1980) este local tinha um personagem ao meu ver, o mais famoso e perigoso:
Neném Magro!
Este Neném que de neném não tinha nada, era magro possivelmente pelo uso das drogas muito cedo, com uma expressão facial extremamente fria e podia-se ler na testa esta frase invisível:
Não tenho mais nada a perder!!!
Morreu cedo não sem antes quase aprontar pra cima de mim duas vezes!  
Mas Neném Magro tinha um irmão bem mais novo que era o contrário dele:
Gordo!
Torci que ele tivesse melhor destino e uma tarde passeando pelo morro vi um grupinho de pessoas em frente a mercearia, perguntei e soube que um jovem, moreno, forte, uns 25 anos tinha dado um sapeca iáiá no meninão! Cheguei a tempo de vê-lo sair correndo em direção á sua casa, encostei na esquina e fiquei esperto, olhando ora para a mercearia, ora para o lado que viria Neném Gordo e seus "amigos"!
Possivelmente o dono da mercearia conVenceu o boxer a tirar o time e quando Neném Gordo apareceu correndo em direção a mercearia, ele ja ia longe!
Neném Gordo trazia a mão direita escondida dentro de um saco de papel, seguro pela outra e enquanto corria gritava loucamente:
Sai, sai, sai!!!
A ordem espalha bolinho funcionou e ele invadiu a mercearia retirando a arma do saco:
Era um pedaço de árvore imitando um revólver!!!!
Que pena, digo, que sorte que o jovem não ficou esperando, ia ser emocionante o 2º capítulo!!!

                       Possivelmente a escadinha fica ao lado daquele prédio branco logo após o pinheiro!
                              Foto cortesia M.G                                 

BeBesouro
Vinha eu numa tarde morna escalando a Ladeira dos Tabajaras, praticamente na curva, quando ouvi uns pipocos! Acelerei o passo torcendo para que fosse só o thriler mas dei azar, o filme ja tinha começado. O protagonista vinha em desabalada carreira em minha direção, correndo de meia dúzia de azeitonas quentes disparadas por 2 senhores, 40/45 anos, possivelmente policiAis!
Antigamente (1960) a ordem era não fazer prisões e bandido famoso era bandido morto, mas agora com os Direitos Humanos, (e os Esquerdos desuHumanos?) só podiam atirar nas pernas. O VagaBo -vagaMundo Safado tinha endereço certo, uma escadaria extremamente íngreme e apertada. Ele entrou aCelerado e eu acelerei também, não queria perder nada. Cheguei junto com os 2 caçadores e tome ameixas quentes pros córnios do jovem negro, atlético! Um deles acertou a perna e ele mancou uns 2 ou 3 degraus enquanto ouvia a trilha sonora fúnebre produzida pelos besouros metálicos!! O medo gerou adrenalina e ele disparou escada acima na mesma velocidade do início!!!
                                               Os atiraDores deixaram-no ir:
                               Era o Dia da Caça!!

          Tour com Fotos de M.G !
         
                                Foto cortesia M.G

                                                       
                                  O MORRO NÃO TEM VEZ...
Até o início dos anos 80 a subida do "morro da Euclides da Rocha" (era como o chamavam, devido a uma rua que o cortava de uma ponta a outra) se fazia por uma encosta íngreme, quase 70 graus de inclinação, vereda escura e cheia de mato e pedras. Ficava espremida entre 2 prédios, como mostra a minifoto p/b à direita. (Por volta de 1980 a "entrada" foi extinta, aumentando em quase 2 km a subida via Ladeira dos Tabajaras. Adiante, "kombis" amenizariam o trajeto.)
Os mais velhos aguardavam sentados por uma mão amiga que os "guindassem" para cima, principalmente em dias chuvosos, quando a pedreira negra ficava bastante lisa. Poucos fazem idéia do que é subir uma escadaria (ou ladeira) dos Morros após dez horas de labuta como doméstica, contínuo ou servente. É um "calvário" que envelhece as pessoas em pouco tempo e colabora para que o favelado esteja sempre anêmico, sentindo permanente fraqueza.
Felizmente (?!) só se sobe o morro uma vez por dia. Aos domingos eu subia até 3 vezes, a última por volta da meia-noite, na época em que o nosso Morro ainda não oferecia perigo.
O favelado tem um compromisso inconsciente com a pobreza. Se melhora de vida, amplia e reforma o barraco por dentro, põe geladeira e TV em casa, mas não modifica o aspecto externo da moradia. Se fica rico tem que sair da favela, ali só se aceitam iguais e êle, graças à sorte, passou a ser "burguês". (Os "bicheiros" são um caso à parte !)
A televisão é o suplício do favelado, embora poucos tenham noção disso. Pobre não quer sapato novo, roupa de griffe (isso é coisa de "boyzinho zona sul") e nem mesmo carros ou motos, que caracterizam a VIDA DE RICO que êle está impedido subconscientemente de adotar.
O favelado, se a maré virar, quer pão & circo, muita farra/comida/mulher... e torrar a "grana" o mais depressa possível, para voltar a ser igual, ficar ao nível dos demais.

Vai daí, enquanto desnutrido subempregado, assistir pela TV propaganda decheeseburguers/chesters/yogurtes/perús sadios, etc, é uma tortura sem igual. Desempregado inúmeras vezes -- e isso é o TERROR de todo favelado -- eu quase chorava ao assistir pela TV cenas de saladas e doces, enquanto mastigava pão com banana à guisa de almôço ou devorava 1 "bisnaga" inteira só com margarina e açúcar, se a situação piorava. Além de água com açúcar o dia todo, para enganar a fome.
Pensou que luz e moradia são de graça nos Morros e favelas? Enganou-se,caro leitor! Há sempre alguém, que chegou primeiro, a se fazer de donodo espaço, como também da energia elétrica. E ái de quem usar ferroelétrico ou mais de 2 lâmpadas por barraco. Era assim nos anos 70/80,suponho que pouco mudou !
Favelado, seja do morro ou da baixada, é um herói, que o Brasil deveriaadmirar, apesar da bandidagem canalha que se instalou nesses locais. Eessa "melhora oportunista" feita somente em 2 ou 3 Morros é politicagem safada e não um progresso necessário e por todos desejado e merecido.
                                                    "NATO" AZ  (escritor e poeta)

                              Foto cortesia M.G
Que é que é isso? DemoLição? Sacanagem!!! 
Também pudera, não deixaram espaço nem para um passarinho cagar!

                                Foto cortesia M.G
                          
                                  Foto cortesia M.G


Vista do alto do Morro dos Cabritos - Zona Sul do Rio de Janeiro

                           Foto cortesia M.G
Rua Euclides da Rocha17!

OU DÁ... OU DESCE !
Segundo consta, a ocupação do Morro que cerca um bom trecho do bairro de Copacabana (hoje, rua Euclides da Rocha) se deu por parte de ex-escravos -- os primeiros "sem teto" e sem-nada desse primor de Democracia que é o Brasil -- e dos serviçais, normalmente negros, que trabalhavam num Hospital lá instalado, nos primórdios do século XX, inicio de 1900 e tal.
Minha mãe tinha documento oficial de venda de sua máquina de costura, em 1949, já com o endereço do barraco no Morro dos Cabritos e o controle hospitalar (de 06/10/1952) do nascimento de seus gêmeos também traz o mesmo endereço. Para encurtar a "história", quando a advogada Eliana informou a todos, em 1980, que a Construtora Pires e Santos "comprara" da Prefeitura carioca toda aquela imensa área -- num "negócio" jamais esclarecido -- a maior parte dos favelados tinha 30, 40 ou mais de 50 ANOS de "moradia" naquela pedreira colossal.
Mal aconselhado, o filho (adotivo?) do senhorio Damião, esposo da falecida "vovó" Maria da Glória -- dona real do extenso terreno, com uns 10 ou 12 inquilinos -- nada fez para contestar a "posse" da Pires e Santos ou, pelo menos, para tentar (para todos?) uma indenização. Após uma reunião geral para a qual foram me convidar (?!) em casa, o casal de "vampiros" -- Eliana andava com um careca esquelético e com ar doentio -- jogou mais de 80 famílias nas mãos do Banco Bradesco.


Para encurtar a história: o vigário da paróquia de Copacabana -- uma outra, cuja capela ficava sobre o prédio do Shopping Center da rua Siqueira Campos -- conseguira arrancar da Construtora uma verba para a compra de outro terreno "na parte de cima" do Morro, lotado de barracos, mas a construção das futuras casas caberia a um grupo de moradores, que se revezariam, cobrando-se multa diária de quem faltasse ao "serviço".
O fato é que ninguém entendia de cimento, nivelamento e outros elementos da profissão de pedreiro e nosso projeto de CASA PRÉ-FABRICADAS jamais foi aceito. Chegamos a fazer cópias xeroxs dele, entregues a todos, casa por casa, mas ninguém teve coragem de exigir do vigário uma posição sobre nossa sugestão. Visitei na rua Frei Caneca a filial carioca da empresa do Paraná que fazia as casas, madeira tratada e impermeabilizada, completa, com encanamento, vaso sanitário, pias, janelas, portas, levíssima e necessitando apenas de área pavimentada.
Tudo em vão... desautorizei então o Banco a manter conta (de débito) em meu nome, passamos a pagar por longos 24 meses, na Cruzada S. Sebastião, no Leblon, as "prestações da construção" das casas -- que nem chegaram a ser feitas -- além de 2 ou 3 "multas" a cada mês, em razão das minhas ausências no canteiro de obras, na verdade uma "reunião" para se biritar.
Por fim, mais um achaque: mesmo sem casa alguma pronta os advogados "bolaram" mais uns 700 reais (em moeda atual) de dívida para pagarmos os 1/92 avos de cota de uma suposta Escritura do tal "terreno" (com inclinação de quase 70 graus) que juravam ter comprado do outro lado da rua Euclides da Rocha. Como me neguei a participar do "bolo", fui defenestrado do Grupo sem direito a dar um pio, isto por volta de 1983, com os ventos dessa decantada Democracia soprando e os jovens da época preparando as tintas para pintar as caras e sair às ruas pedindo "Diretas Já"!
Como não dei a "grana" que exigiam, descemos do Morro carioca para essa imensa planície paraense. E foi assim que viemos parar na Amazônia nesse mesmo ano, onde os problemas com terreno (e casa) se repetiram por 3 vezes, apesar do tamanho incomensurável do Estado do Pará.
Triste "Democracia" essa, onde os Direitos gravados na Constituição Federal jamais foram (e nem serão) respeitados!
                "NATO" AZ  (escritor e poeta)

 
                                                  Sonho De Besta 
Meu barraco no morro é caprichado
Beleza pura é feito de Jacarandá
Quem quiser ir ver vái lá
Tem até ar condicionado
E que babado
E sinteco por tudo que é lugar
Isso aí que é morar

Olha tem até água encanada
Que vem direto da mina
Eu já contratei engenheiro
Pra fazer minha piscina
Vou comprar um carango joinha
Fittipaldi vai ser meu chofer
E pro time lá do morro
Eu vou contratar o Pelé
Minha gente leva fé

Meu barraco tem é coisas
Que até meu Deus duvida
A Jacqueline Onassis
É quem vai fazer a comida
Meu barraco é situado
Lá no morro, na Ladeira 

Eu juntei minha fortuna
Ensinando capoeira
Minha história é verdadeira!

http://letras.terra.com.br/dicro/

É estranho mas é provável que isso de casa de alvenaria seja coisa dos Portugas e Nordestinos!
Pelo que me lembro carioca fazia mesmo era barraco! È isso que me espanta ao ver/rever essas fotos de M.G, essa loucura desvaraida de pendurar toneladas de tijolos, areia e cimento de forma tão precária!
É só esperar para ver....


                                   Foto cortesia M.G

                             Foto cortesia M.G                            
                      Exatamente aonde é esta  casa cor de rosa era a Mini Quadra de Ney&Marcha Lenta!


 O Fim do Baile Soul e o começo da Patifaria!

                            Da Tita, Ney, Marcha Lenta e abaixados Rubinho e Eu na Mini Quadra!

 Na Ladeira dos Tabajaras nessa época (1975?) só conheci como D'J, Nei e Marcha Lenta, pessoas
espetaculares e dedicadas a levar um pouco de lazer, a quem não tinha dinheiro nem do ônibus, nem da entrada no Clube para os Bailes Soul, que depois virou Funk.
Como nós, eu e Rubinho já tinhamos uma iniciação na Capoeira - Rubinho nasceu pra coisa - dava-mos uma iniciada na rapaziada, justamento na mini-quadra aonde nas noites de sábado rolava o Baile. Sexta-feira a expectativa, a conversa rolava em torno do que aconteceria amanhã.

Nei e Marcha nos mostravam os ultimos LPs adquiridos, colocavam en avant-premiére as ultimas pedras sonoras. Eu me sentia o máximo, talvez eu esteja enganado, mas na época ser amigo de um D'J, era mais do que ser amigo do Presidente de Escola de Samba ou de um Político!
Nei e Marcha investiam oque tinham e o oque não tinham na mini-quadra, luz estroboscópica, globo espelhado, luzes coloridas. Nei trabalhava, então podia dar um trato mensal no guarda -roupa, mostrar pra gente o último sapato plataforma, o colete á la João 3 voltas, como diziam os invejosos.

Eu sofria pouco, já me vestia a moda Hippye e no baile era o ovelha negra, pra piorar não dançava nada de coisa nenhuma, era um 2 de paus. Isso me permitiu seja no Botafogo, como na mini quadra, analizar as-os dançarinos e as evoluções, e a evolução das evoluções!
A mini quadra era uma espécie de peixaria, atraía as melhores gatas, incluindo as "jararacas" do ninho das cobras. Mais tarde vinham os "cascavéis", para ver se elas estavam entregando o ouro pro bandido, dando mole pra vagabundo. Mas pro fim da rua Ladeira dos Tabajaras, depois da mini-quadra, ficava uma pequena parte do morro denominada Ninho das Cobras, me lembro até do refrão de um samba:
No ninho das cobras tem coral e cascavel
quem passar por lá, tem que tirar o chapéu!

De lá saiu vários projetos de patifes e nesse dia do baile, 2 deles estavam lá. Por ser amigo dos donos do baile, eu chegava cedo e era dureza aguentar até a hora de o baile pegar fogo! Quase meia-noite mini quadra pipocando de gente, toca uma Melô - música para dançar agarradinho -
e um dêles chama uma mina (leia-se menina) para dançar.
Ela recusa e pouco depois outro chama e ela vai.


 Ele vai em sua direção, passa pelas pares dançantes, toca no ombro da mina e pergunta porque ela recusou dançar com ele. Ela não soube responder e ele deu uma senhora bolacha (tapa) no rosto dela e obrigou-a a dançar com ele mesmo chorando. O acompanhante anterior cedeu tranquilamente, pois ele sabia, ele conhecia a Lei da Sociedade:
A Lei de Muricy!
A Lei que quem nasce no morro já nasce sabendo:
A Lei cujo capitulo 1º e único diz:
NA LEI DE MURICY CADA UM CUIDA DE SI!

Dei sorte de ter sido criado fora do morro até os 15 anos, quando cheguei, vim com uma tromba e sentia o cheiro do perigo a distância. Passei a não ir mais na mini quadra, eu que não dançava nada corria o risco de "dançar" de vez!
As Discotecas passaram a se chamar TIROTECAS, pivetes de tudo oque é morro iam as Disco só para fazer arruaças e trazer () fama ao seu moro. Na Zona Sul, encabeçava o famigerado ranking, Cantagalo, depois Pavão-Pavãozinho, aí vinha sem destaque:
Santa Marta, (hoje D. Marta) O meu Ladeira dos Tabajaras, Rocinha, Leme e Cruzada São Sebastião estavam devagar.

Infelizmente estive na pré-estréia dos arrastões!
O "TIME" descia para jogar na praia de Copacabana, jogava até umas 5-6 horas da tarde, aí ficavam na beira do calçadão fazendo aquecimento e esperando, avistado o alvo, quando ele passava em frente a eles, fechavam uma roda em volta - nesse dia era um casal 50-60 anos - sendo que 3 ficaram dentro da roda, um com a mão dentro do calção, e 2 depenando os patos. Em volta passavam pessoas tranquilamente, fingindo que nem é com eles.
Eu conhecendo a Lei de Muricy não me mexi, até porque voçe não podia ir a baile nenhum, sem saber qual morro tinha brigado e com quem, quem tinha apanhado, quem tinha batido, quem tinha matado, quem tinha morrido!

Visitar um outro morro sem saber disso, era desafiar a sorte!
A prévia dos arrastões na verdade foi os esquadrões. Nas noites de sábados e domingos nas quadras de sambas, e noites de domingo nas tirotecas, acontecia os arranca-rabos e na segunda-feira vôçe tinha que estar por dentro de todos os lances em todos lugares, caso acontecesse mais de um arranca rabo!
Na segunda feira os olheiros dos prejudicados já estavam nas respectivas praias dos morros, Cruzada, Praia do Leblon, Cantagalo, Praia de Ipanema, Pavãozinho, Praia do Arpoador, Tabajaras, Praia de Copacabana etc.

Bastava ele ver alguém do morro que ele procurava, e pouco depois arriava uma galera na área, pronta pra aterrorizar. Como o morro contribui para os arrastões:
Os "aviões" cresceram, viraram "Concordes", armaram suas distribuidoras concorrendo com as dos antigos "patrões".
Os "patrões" sabiam os "stalones-cobras" que eles tinham criado, eram verdadeiros kamikases, prontos para oque der e vier.
Com eles não tinha acordo, discernimento embotado pelo excesso de uso de tudo que vendem, era matar ou morrer.

Os "patrões" não queriam se "queimar" mais do que já estavam com as "fabricas" dos "aviões" tentando eliminá-los no próprio "aeroporto"! Já os "aviões" quando pequenos, só faziam 4 escalas:
Morro, Praia, Tiroteca, Maracanã!
Eu falei praia?
Pois é, os agora "Concordes" quando dava, desciam o morro para "pegar um bronze", "molhar o Zéquinha", "salgar a rosca"! Desciam com 1 ou 2 guarda-costa, pois muito negão junto, ou é time de basquete ou folia de reis.

Era raro o mês em que não parasse um táxi no calçadão da praia e descesse 2 ou 3 malucos de "berro" na mão, sentando o dedo. Aí era um festival de pipoco, "ameixa quente" assobiando por cima do "côco", e até Iemanjá gritava:
POLICIA, SOCORRO!
Se antes era no meio de semana, depois passou a ser sábados e domingos, pois os "chefinhos" acreditavam que com a praia cheia, eles corriam menos perigo. Participei de uns 3 bailes Funk no Clube Botafogo em Botafogo, com LuizinhoD'J, era legal até eles começarem a fazer traduções das musicas tocadas.



Aí vinha palavrão e só esperavam a musica do Bachman-Turner-Overdrive -Go back to water?- traduzida para:
Vou dar porrada, porrada até cair no chão!
Aí começava a pancadaria nos manés antecipadamente visados. Na saída, quem deixasse para sair no fim do baile corria risco de vida.
Me lembro de um lance terrível:
Formou um bolo em volta de 2 que tinham brigado lá dentro, aí um moleque aqui de fora, pegou um paralepípedo e jogou no bolo visando a cabeça de alguém. Pouco meses depois meu amigo foi tirado da cama por outro "amigo" para ir nesse baile.

Esse falso amigo tinha batido em 2 fracotes na semana anterior, - ja havia essa guerra de morros - e temia que eles viesse com muitos. Ele veio só com 1 que tinha uma camisa enrolada na mão. Os 2 amigos já dentro do ônibus, os pivetes lá de fora chamaram:
Vem bater na gente, otários!
O que tinha batido nos moleques desceu 1º, enquanto isso o pivete dizia ao outro:
Me dá o negócio!
O outro deu um revolver e ele saiu atirando. Um tiro pegou na perna do 1º e outro tiro na cabeça do meu amigo
Rubens Costa Satiro, o Rubinho Tabajara, que não tinha um inimigo.
Enterrei ele no dia do meu aniversário, 01-10-1977!

        Rubinho e Ney jogando na lage da futura Casa Amarela em frente a Mini Quadra!

PS: Uns 2 meses depois que o Baile Soul  foi forçado a acabar surgiu no início da Ladeira dos Tabajaras uma Discoteca que na 2ª semana ja era chamada de Tiroteca!
É mole!


 Rubinho participou do filme Cordão de Ouro e por isso foi citado!
 http://professorleiteiro.blogspot.com.br/2008/02/cordo-de-ouro-o-filme.html

                              Foto cortesia M.G

Na verdade até 1983 a Capela local com este nome não tinha Capela nenhuma e muito menos espaço para tão espetacular obra talvez de Niemayer! 

É um chute, não sou Pelé mas costumo acertar: é bem provavel que nosso morro virou Morro dos Cabritos por causa de uns cabritos do Seu Artur que morava no terreno ao lado esquerdo da hoje bela Capela com quase 100 metros de frente! 
Até 1970 por aí seus cabritos e bodes passeavam livremente pelo morro inteiro decorando a Rua Euclides da Rocha com curiosas  petecas pretas!  È extranho que este ruminante com o estômago dividido em 4 só defeque petecas! Isto gerou um conhecida pegadinha popular para ganhar ou findar qualquer discussão: 
Voçe sabe porque o cabrito caga redondo?
Não!!!
Voçe não entende de mérda quer entender de futebol!!!!        
Um dia vários de seus cabritos escalaram a pedreira (na altura do nº600) e não conseguiam desce-la! Passou-se uma tarde inteira e o povo assistiando as evoluçôes desesperadas dos mesmos! Isto aconteceu por volta de 1964/1968 e uns 5 cabritos passaram a noite lá e na tarde do outro dia os bombeiros chegaram e salvaram todos que nesta altura do campeonato ja eram notícia em toda a Copacabana!!

                              Foto cortesia M.G

Possívelmente aqui era a 2ª Quadra de samba do Vila Rica que depois virou (esta) creche, mas deixando espaço para receber os percussionistas da Escola de Samba, os sambistas e admiradores!

                             Foto cortesia M.G

Se aí é o Ninho das Cobras um projeto muito doido de 1970 por aí, previa uma rua descendo lá do alto, unindo a rua que vem da Lagoa Rodrigo de Freitas e termina la em cima, com a Rua Santa Clara que termina lá embaixo!!  
Um verdadeiro tobogã e se faltasse freio o distinto iria parar na Praia de Copacabana e no Inferno ao mesmo tempo!!

                             Foto cortesia M.G

 
                         Foto cortesia M.G

Neste exato local na época chamado de Hospital (1970?) presenciei meu 1º Bang-Bang! 
Depois de muita ameaça e pantominas descobrimos que o provável assa-sino estava com um revólver de brinquedo!!! Foi uma terrível Descepção para quem correu como eu, como para quem estava escondido!! 
Entre mortos e feridos, salvaram-se todos!!!


                              Foto cortesia M.G


Foto cortesia Ivo Korytowski
È incrivel mas atras desta bela casa havia um terreno imenso que tomava meio morro e ninguém invadia!

 por Andre Decourt                
rua-euclides-da-rocha-numeros-450-e-600-a

 Antiga Rua Villa Rica hoje Rua Euclides da Rocha na altura do nº 450 vendo-se ao fundo a Ladeira dos  Tabajaras!

Nossa imagem volta aos anos 40, mostrando a mais nova praça de guerra de nossa cidade, a região do Vale dos Morros S. João/Cabritos.

Em pouco mais de 40 anos a região se transformou radicalmente, tendo sido as encostas ocupadas criminosamente nos últimos 20 anos com o aval do poder público.
Registros de favela no local datam de pelo menos 1912, onde o jornal O Copacabana relatava agruras de moradores de precários casebres na Rua Villa Rica. Sendo a região no topo dos morros, a mais antiga a ser ocupada em Copacabana por ser um dos únicos caminhos ao areal, habitada  por uma grande variedade de moradores de classe sociais diversas.
De negros libertos, passando por taifeiros e veteranos da Marinha, que tinha lá um grande unidade de saúde, embrião do atual hospital Marcílio Dias, imigrantes portugueses e açorianos, e moradores, na Tabajaras, das classes média e alta. Como o exemplo do grande pintor Eliseu Visconti que morava em uma casa na esquina da Tabajaras com Travessa Santa Margarida.
Porém, a partir dos anos 70 a favela, com outras diversas começou a crescer, mas quase não era vista do asfalto e provocava danos mínimos às matas. Porém do final dos anos 80 e principalmente nos 90 a favela, se transformou num pequeno complexo, dobrando o morro dos Cabritos, ganhando duas ramificações em Botafogo e invadindo espaços que há 8 anos atrás eram mata.
                                                         por Andre Decourt
Fonte: http://www.rioquepassou.com.br/2009/03/23/rua-euclides-da-rocha-altura-do-numero-450/


                          Bola para o mato que o jogo é de Campeonato!
http://www.blogdapacificacao.com.br/tabajaras-cabritos/ladeira-dos-tabajaras-ganhaasualabombonera/

                                                        Foto: Isabela Kassow

Era pelo ano 1970 por aí e o escrete do PauD'Alho como chamava a Euclides da rocha 17 iria jogar com o Time do Barro, como se chamava aquele pedaço acima do cemitério São João Batista! 
Se jogava na época por amor a localidade, não entrava dinheiro, cerveja, etc na aposta. 
Os times eram formados por 2/3 craques e trabalhadores e vagabundos, metá-metá!
Por força do destino eu ja estava quase enturmado com os marginas da área e fui com mais uma galera torcer pelo timaço. A torcida se aboletou no barranco sombreado e o jogo corria emocionante. Não havia risco pois dos malandros daquele tempo só os mais importantes tinham revolver ou nesse caso, do nosso lado o Paçoca! (nome fictício)
Dureza era quando a bola caía do lado do cemitério demorava pra burro para voltar. Time do Pau D'Alho perdendo fomos convocados a sair da sombra, (isso ja era umas 11 horas de Janeiro, é mole) e ficar na beira do campo do lado do cemitério. Não adiantou os malandros do Barro jogavam a bola por cima da parede humana. Escalaram eu e mais 2 para ficar na rua la de baixo ou seja sem ver o jogo!
Bola caía em um minuto subia! 
Pau D"Alho virou o jogo e a gritaria dava pra ouvir lá no Hospital. Jogo esquentou e a torcida de ambos estavam a beira de um ataque cardíaco quando um do barro cai na area invisivel. Penalty grita a torcida, mas o problema é que não haviam acertado se haveria penalty ja que não tinha area!
È falta dizem os barra pesadas do Pau D"Alho, é penalty retrucam os coisas ruins do Barro!
Cobra, não cobra, um deles pegou a pelota e despachou pro lado de sua casa com uma bicuda a la Rivelino! O Couro subiu como um balão acompanhado por dezenas de olhos e foi saltitante por cima dos telhados em um balé de saltos loucos, indo parar quase em frente da entrada do túnel velho!
Enquanto ela descia saltitante, desciam atras da mesma 2/3 nas bicicletas em louca disparada! 
Deram sorte pois o cara que pegou foi um morador gente boa que vinha subindo e entregou para os ciclistas! A bola chegou mas o jogo não terminou, pois o dono temendo perder seu couro que na época custava os olhos da cara, não a pôs em jogo novamente!
      


Foto Cortesia Francisco Edson Mendonça Gomes
                                       

         
        As Negras  Retintas!                                                                             
Tinha uns 6 anos  e vinha com minha mãe do serviço umas 20:00 quando no pé do morro encontramos aquele Senhor Negro, 1,80 por aí, forte, uns 60/70 anos com um cesto fortissímo possivelmente com frutas que ele vendia para os apartamentos na beira do morro: era o Senhor Tibúrcio!

Saí do RJ aos 6 anos e voltei aos 14 lá por 1965. Notei numa das entradas para nossa "vila"  uma pessoa que não tinha visto antes. Era uma senhora negrissíma de uns 60 anos, mas por estar sempre com a mesma roupa surrada eu chutava para uns 75!
Aquela visão era um doloroso exercício diario para aquele que vinha  de um colégio  de freiras, com enraizados  ensinos sobre caridade, bondade, fraternidade!

                                     Dona Piedade!      Foto: Giovana Beretta

Sua "casa" era de cair os cabelos, tinha 1 metro e meio de largura por 2 e meio de comprimento, sem luz e banheiro. Esquentava sua comida (provavelmente dado por sua vizinha D Piedade) numa lata de leite, num amontoado de pedras á guisa de fogão.
Deitava-se cedo, podíamos vê-la no quarto sem porta e nunca a ouvi falar nem mesmo gemer, lamentar seu infortúnio.
Era muito negra, muito alta, muito magra, muito Altiva, muito Humana!
Humana?
Desconhecia neste meu pequeno inicio de vida  um ser humano livre vivendo daquela  maneira. Pouco depois o destino me pregaria uma peça e eu iria viver com outros desabrigados em lojas de um shoping  em construção, qual abelhas numa colméia!
Aquela impressionante e incógnita figura, quase assustadora, relembrava a autora do 1º livro de fofocas do morro:
O Quarto de Despejo!
Ao vê-la fazia um mea-culpa:
Ser Humano desprezando e se omitindo em amenizar o sofrimento alheio!
Pouco tempo depois ela sumiu e pude olhar sua "casa".
Como cama apenas um ajuntamento de paus cobertos de palha!
Estranho morava numa "vila" cujos negros eram altos, 1,70 para cima.

Outra negríssíma, gigante, corpulenta, era minha vizinha D. Lourdes, cuja única companhia era seu cachorro chérry, e as visitas de um Portuga. D. Lourdes  tinha o rosto extremamente duro, talvez pelas agruras da vida, e os famosos olhos "seca pimenteira"!
Só ouvia todos os dias, o dia todo, boleros e fados e assim virei fã de Altemar dutra e Amália Rodrigues:
De quem eu gosto nem as paredes confesso!

Outra extremamente competente  na lavagem de roupas, altiva e vivendo só, não se comunicava com ninguém e sob ameaça de despejo ficou doida do dia para a noite!
Todas pessoas muito dignas, educadas, trabalhadoras!
Esta introdução para algo que me passou desapercebido na época:
Poucas pessoas sambavam na Quadra de Samba, diferentes dos bailes Soul aonde a maioria  dançavam. Depois veio o Break de difícil execução portanto não se popularizou.
Aí as manhãs Xuxantes emendaram com a Macarena que massificou mundialmente o estilo:
Todos Iguais  feitos por 3 ou 4 grupos nos bailes Soul!
Ou seja o Samba de origem Africana perdeu para as danças alienígenas mesmo sendo criadas por negros americanos!
Me vem a memória as brincadeiras de rodas único brinquedo permitindo naqueles tempos machistas entre meninos e meninas e também para evitar o "perigo"! Eram aderidas maçiçamente pelos meninos que viam a possibilidade de pegar na mãos das suas cobiçadas. Também a inesquecível e detestada Pêra, Uva, Maça ou SALADA MISTA pelos Patinhos Feios!


                          Dona Conceição!
Fui estudar em Santa Catarina e Paraná (1958-1964) aonde me ensinaram tudo oque se precisa para se ser uma pessoa educada!  Era uma porrada de coisas, mas o básico pelo que eu entendi era:
Sempre pedir por favor, sempre dizer obrigado e principalmente saber comer com garfo e faca!
Quando conheci Dona Conceição tomei um susto!
Ela falava baixo, pausado, suavemente e principalmente conseguia exprimir através da fala todo o amor, carinho, humildade, respeito e admiração por nós 2, talvez por seu espetacular e dileto filho ja ter falado de mim!
Nunca imaginava que ter educação era mais isso do que as outras coisas que tinha aprendido nos meus 8 anos de idade. Por isso quem conviveu com os Jecas, Matutos (e outros adjetivos que levam essas Maravilhosas Pessoas) sabem o tanto de amor, carinho, humildade, respeito e admiração passam/transpassam ao falarem com Outras Pessoas!

Conceição
Eu me lembro muito bem
Vivia no morro a sonhar
Com coisas que o morro não tem
Foi então
Que lá em cima apareceu
Alguém que lhe disse a sorrir
Que, descendo à cidade, ela iria subir
Se subiu
Ninguém sabe, ninguém viu
Pois hoje o seu nome mudou
E estranhos caminhos pisou
Só eu sei
Que tentando a subida, desceu
E agora daria um milhão
Para ser outra vez
Conceição

Conceição canta Cauby Peixoto
http://www.youtube.com/watch?v=MFTOPMwt-i0&feature=related

                                      O Futuro a Deus pertence?
                       Fonte:http://www.panoramio.com/photo/2150632  Autor: ikhokh01

Meu pai nos tirou (eu e meu irmão) do morro com uns 5 anos de idade, nos separando de minha mãe pois acreditava que no morro nós não teríamos futuro. O destino também separou meu amigo (para sorte dele bem mais velho) de sua família com certeza não pelo mesmo motivo! Voltei para minha mãe ja com 15 anos de idade sem o amor materno, pois não tivera o carinho de seus braços na fase mais necessária! Minha mãe deu o sangue por nós, abandonada que foi por meu pai quando tinhamos 3 meses. Meu amigo a nível de pai deve ter história parecida! Com o meu afastamento brusco e só permitindo que nossa mãe nos visse uma vez por ano, avariou muito a cabeça dela! Talvez ele tenha adivinhado pois realmente não consegui fazer meu futuro, disse fazer, pois meu amigo provou que o nosso futuro é a gente que faz!
Saímos do mesmo lugar, mas hoje ele vem para o Brazil uma ou duas vezes por ano, enquanto eu não consigo nem ir a outro estado do Brasil!



Foto cortesia M.G

A 1ª polícia que teve no nosso morro foi a Puliça Mineira la por volta de 1960
Era feita por homens sem emprego e começavam a sua pertubação do sossego alheio la pelas 23:00 horas! Apitavam na frente de uma residência que tinha cachorro, ele latia, os dos vizinhos idem e logo-logo o morro inteiro ouvia a sinfonia dos Beethovens vira-latas! Assim foi todas as noites por uns 3 meses ouvindo as 9 sinfonias de Beethoven e acordando as 6:00 da matina para o basquete, (leia-se trabalho) com um ódio de tudo e de todos!
Finalmente alguém com bom senso deu fim naquela patifaria e pudemos dormir em paz!


Fonte: http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://1.bp.blogspot.com/_vjSEPbQ5uzs/Susawf1a3nI

                             Viver é melhor que sonhar?
La por 1975, desempregado, sol espetacular pendurado no firmamento, corpo pedindo uma agua salgada, la ia eu comer pastel de vento, mas vendo as últimas novidades a nível de maiôs e bikinis no melhor point da cidade maravilhosa: A Praia de Ipanema Posto 9!
Putz, derepenguete la estava ele, o Fio Dentuço!

                             http://www.semsacanagem.net/2009/02/fio-dental-e-coisa-ultrapassada.html

O Fio Dental era uma cópia melhorada, (leia-se reduzida) do V8 e tinha umas malucas que não passavam o terçado no "matagal" tornado o Fio extremamente excitante! Para piorar, digo melhorar, pouco tempo depois tiram o Dental deixando só o Fio, ou seja, era um minúsculo tapa sexo frontal e só um fio na "área de serviço"! 

                     http://gargantaafiada.blogspot.com/2011/05/preste-atencao-nos-detalhes.html

Ficava assim de patife convidando-as para jogarem frescobol só para verem elas se abaixando para pegarem a bolinha! Piorava quando elas passavam bronzeador e expunha ao Deus Ra a sua poupança premiada!
Em pouco tempo de exposição voçe podia ler a frase invisível:
Toco Cru pegando fogo!!!
Dureza mesmo era chegar na Praia, pois além dos 500 metros que me separavam da escadinha mais próxima para se chegar ao asfalto, ainda tinha os 4 km torcendo para não encontrar nenhum Camburão, (carro de polícia) se não era fatal

                    http://www.noticiacompleta.com/noticias/9834/tiroteio-deixa-quatro-mortos-no-rio/
                          
                      Visitar a delegacia na marra!
Por 3 vezes eu mofei umas 5 horas na delegacia de Copacabana, mas o mais chocante foi uma blitz que teve umas 6,30 da matina. Eu desempregado, conversava com um negro pedra 90, honesto, trabalhador, sapateiro, que escova os dentes!
Derepente um corre-corre e eles invadiram nossa vila.
Pensei comigo:
Estou frito, desempregado no morro é sinônimo de vagabundo!
O Manda chuva perguntou ríspidamente para o sapateiro:
Documentos?
Está la dentro do barraco!
Leva! falou friamente e levaram-no com a bôca cheia de espuma!!!!
Chegou minha vez, eu moreno jambo de sol, cabelo louro parafina ressecado por falta de xampu, fui conduzido até a porta de meu barraco, de lá via eles derrubando tudo que estivesse em cima de mesa ou armário! Destruíram um bocado de coisa, mas a "tradição de plantar maconha no barraco" não fizeram! Desconheço a razão porque não me levaram, mas meu amigo só apareceu 3 dias depois!
Apareceu e sumiu, possivelmente achou emocionante demais morar em morro!

Devemos ao Governador Brizola (lembrando que brizola muitos anos antes era um tipo de droga) o sossego para viver e trafegar no morro, por outro lado....

Quem viveu nos morros do Rio de Janeiro antes da tal UPP-Unidade Policial de Pacificação, sabe o terror que era uma blitz policial. A coisa só diminiui com a eleição de Brizola que proibiu os policiAis de prenderem só para cumprir tabela de eficiência!
Aí os vendedores e traficantes de drogas arrumaram amigos e conhecidos com pequenas empresas e viraram "empregados" dos mesmos. Quando a patrulha vinha eles não corriam mais. Bem documentados e de carteira assinada, desafiavam a lei sem medo.
Foi assim que o Rio virou oque é hoje!

 
                           Um Extra Terrestre na Tabajaras?
Eu sempre sonhei/sonho eu encontrar um e.t. desde a aParição do E.T de Varginha!
Eis que derepente tive que entregar uma encomenda no fim da Rua Siqueira Campos em Copacana, Rio de Janeiro, lá por volta de 1975. Conhecia até aquele infeliz dia apenas duas escadarias, uma que dava na Ladeira dos Tabajaras, ao lado da bôca do Túnel Velho e a outra de minha Vovò de criação: Maria da Glória!
Mas essa era bem disfarçada por bicheiros que ficavam la frente da mesma!
Subi preocupado pois sabia que essa não tinha saída na Ladeira dos Tabajaras que eu conhecia de cabo a rabo. O endereço era meio lá, meio cá, me obrigando a perguntar de casa em casa. Bati palmas na primeira e imediatamente me aparece um garoto de 6/8 anos com os braços longos demais para sua estatura, levantados como se fossse um goleiro. De sua bôca escorria uma baba por entre os dentes grandes, bem separados. Tinha a cabeça do Zé Gotinha ou seja, alongada para cima em forma de cone com um furo no meio idêntico aos dos golfinhos!
Veio determinado em minha direção, os olhos grandes brilhando mais que farol marítimo, enquanto produzia um grunhido estranho. Meu corpo reagiu imediatamente e recuou 2 passos! Ele continuou descendo a escada de uns 6 degraus de forma simiesca, grunhindo e eu com paralisia cerebral, corpo tipo picolé, duro e gelado!
Dei sorte! Apareceu um senhor, alto e me salvou daquele abraço de tamanduá humano me avisando de que ele queria só meu chinelo! Entreguei a mercadoria dei graças a Deus de ter escapado vivo, mas fiquei sempre curioso de saber como estaria ele alguns anos depois!
Mas nunca fui, afinal aquele era um filho muito, muito querido, embora para mim fosse apenas um ser muito, muito, extranho!
Nunca me perdoei ter reagido daquela forma tão discriminante!
                                                  x-x-x



Considero esta música cantada por Bezerra da Silva como o Hino dos sambistas dos Morros do Rio de Janeiro!!!
Quem viveu nos Morros antes do Governo Brizola sabe do que eu/Ele está falando!

Se Não Fosse o Samba
E se não fosse o samba
quem sabe hoje em dia eu seria do bicho?
E se não fosse o samba
quem sabe hoje em dia eu seria do bicho?
Não deixou a elite me fazer marginal
E também em seguida me jogar no lixo

A minha babilaque era um lápis e papel no bolso da jaqueta,
Uma touca de meia na minha cabeça,
Uma fita cassete gravada na mão
E toda vez que descia o meu morro do galo
Eu tomava uma dura
Os homens voavam na minha cintura
Pensando encontrar aquele três oitão
Mas como não achavam
Ficavam mordidos não dispensavam,
Abriam a caçapa e lá me jogavam
Mais uma vez na tranca dura pra averiguação

Batiam meu boletim
O nada consta dizia: ele é um bom cidadão
O cana-dura ficava muito injuriado
Porque era obrigado a me tirar da prisão

Batiam meu boletim
O nada consta dizia: ele é um bom cidadão
O cana-dura ficava muito injuriado
Porque era obrigado a me tirar da prisão

Mas hoje em dia eles passam,
Me vêem e me abraçam me chamam de amigo
Os que são compositores gravam comigo
E até me oferecem total proteção
Humildimente agradeço
E digo pra eles: estou muito seguro
Poque sou bom malandro
E não deixo furo
E sou considerado em qualquer jurisdição

Humildimente agradeço
E digo pra eles: estou muito seguro
Poque sou bom malandro
E não deixo furo
E sou considerado em qualquer jurisdição

Rua Euclides da Rocha 17 no mapa Panoramio! 
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WikiMapa do Morro dos Cabritos!
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